Razões por sentimentos

“Razões por sentimentos”

O homem é um ser construtor de homens racionais que elencam vivências que só os sentimentos são capazes de explicar.

Um dia em certa conversa descobri que a desconfiança é um sentimento inerente a todos os relacionamentos. Um amigo motivado por razões inteiramente cabíveis a situação vivenciada por ele na noite anterior a nossa conversa, disse a seguinte frase:

“Ultimamente eu não confio nem na minha própria sombra, pois quando penso que ela está num canto, vejo que está em outro”.

Naquela conversa falávamos de uma situação ocorrida entre amigos confidentes, por que não dizer grandes amigos com segredos próprios e também comuns a ambos. Os amigos ao qual falava mantinham um forte vinculo de amizade há cerca de seis meses, mas embora o tempo em questão, sua amizade tornou-se naquela determinada situação “brecha” para aflorar o sentimento de desconfiança existente. Mas se uma pessoa é capaz de declarar tal citação sobre desconfiança, será ele um amigo capaz de superar esse e outros sentimentos que possam ameaçar a vivência de uma amizade verdadeira? Será apenas mais uma vítima de falsas amizades? Ou, quem sabe, um amigo falso?

Percebi com isso, de maneira mais forte do que a que idealizava, que o homem é um ser maleável capaz de esconder sentimentos que se mostram sem que queiramos, tal como, a desconfiança. Alguns sentimentos, tal qual, o amor precisam ser expressos, em alguns casos gritantemente. Mas a desconfiança é um sentimento atrelado a um grande poder negativo, assim, torna-se quase impossível ocultá-lo.

O coração humano faz do homem um ser construtor de homens, dentro de si, que estão aptos a responder com precisão, nem sempre com competência, a sua necessidade, tal qual, um camaleão que muda de cor de acordo com o ambiente, ele o faz, uma nova “máscara’, um novo homem a cada situação. Essa é de fato uma maneira calculista e racional de agir que só os sentimentos de cada um podem explicar.

Não tendo mais o que dizer calo ao concluir que não existe desconfiança ou seres desconfiados, mas sim “homens”.

Steferson Sampaio

Fortaleza, 25 de janeiro de 2011.